O homem à frente da orquestra concentra-se. Observa os músicos, os instrumentos, a partitura. A batuta faz um breve aceno gracioso e dezenas de olhos atentos a ele erguem seus instrumentos. Violinos, violas, violoncelos, baixos, sopros, metais, percussão – cada qual há seu tempo – integram-se em uma agradável e melodiosa sinfonia. Os minutos se passam céleres e, paz e emoção invadem com serenidade as mentes de uma plateia atônita e grata, que aplaude entusiasticamente. O homem volta-se em direção aos espectadores e, humildemente, faz uma reverência.
O instrumentista, regente, pedagogo e educador musical Alexandre Pinto é esse homem. À frente da Orquestra Filarmônica Brasileira do Humanismo Ikeda (OFBHI) é o seu principal regente e, como associado da BSGI há vários anos, sua atuação revela a imagem descrita acima: um homem sincero e apaixonado pela humanidade, e que vive pela missão de propagar a paz, a cultura e educação, por meio da música.
Quem o assiste regendo não imagina os caminhos que trilhou para chegar até o momento. Seu primeiro contato com o universo da música se deu aos 11 anos, quando ingressou no atual Núcleo de Desenvolvimento da Orquestra (NDO). “Meu primeiro instrumento foi o violino dai passei acalentar o sonho de me tornar um músico profissional”, conta.
Oriundo de uma família muito humilde, manter o sonho foi um árduo desafio diário. A convivência no grupo mantinha sua mente focada em seus ideais. Dia após dia, sua determinação foi sendo fortalecida por meio das atividades dentro da organização de base da BSGI e no grupo musical.
Passo a passo foi construindo cada degrau com grande sacrifício. “Para concretizar o meu sonho os desafios foram grandes. Ingressei na faculdade, conciliando estudo, trabalho e atividades núcleos de bairro da BSGI”, ressalta. Segundo o maestro, eram destas atividades que extraía as forças para não desistir. “Queria e tinha que estudar em uma faculdade pública, pois as condições financeiras não eram boas. Consegui ingressar no instituto de artes da UNESP, onde fiz bacharelado em viola erudita”, relata.
A ideia da regência surgiu durante este curso. Ao freqüentar as classes veio a inspiração. Até então não pensara em tornar-se maestro. “Com o passar dos anos fui tocar em orquestras jovens e profissionais e assim comecei a admirar o papel do regente”, explica, “era um novo desafio, ainda mais difícil, pois exige grande dedicação e conhecimento ainda maior sobre música, arte, história, mundo e, sobretudo, um bom regente deve dominar a arte de lidar com as pessoas, afinal seu papel é o de liderar a orquestra”.
O NDO lhe forneceu a primeira chance. Começou regendo a orquestra de câmara composta por jovens de 10 a 16 anos. “Fui tomando gosto”, relembra. Isso fez com ganhasse experiência e segurança para reger outras orquestras. O crescimento lhe trouxe o reconhecimento e hoje é supervisor técnico musical do Projeto Guri, que ministra o ensino musical gratuito a crianças e jovens, financiado pela Secretaria de Estado da Cultura, de São Paulo. E, recentemente, em novembro de 2011, foi selecionado entre jovens regentes do Brasil para participar do Terceiro Laboratório de Regência Orquestral, sob a orientação do renomado maestro Fábio Mechetti, regente da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. “Foram cinco dias na capital mineira me aprimorando, onde além das aulas técnicas, tive a oportunidade de realizar um rico intercâmbio com jovens regentes do Brasil todo”, entusiasma-se.
Embora o reconhecimento público lhe confira a credibilidade no meio musical, é na OFBHI que o maestro se realiza plenamente. Foi ali que, em 2007, Alexandre regeu seu primeiro grande concerto, cujo solista foi o compositor e pianista Amaral Vieira. “Tenho que confessar: que me deu um frio na barriga! Meu corpo todo tremia”, conta. A partir daquele momento, o músico decidiu manter seu aprimoramento na área, sempre em busca da excelência e poder contribuir cada vez mais com a educação musical dos jovens do Brasil, seja no Projeto Guri, seja na OFBHI.
Há quase dois anos, em 2010, assumiu a direção artística da OFBHI e, desde então, vem buscando o aprimoramento de seus comandados, por meio de seu próprio desenvolvimento. Para tanto, participa de festivais de música no Brasil e no exterior; toma aulas particulares com grandes nomes da regência como o maestro Roberto Tibiriçá. “Tudo isso, para poder extrair o melhor da capacidade e qualidade do nosso conjunto orquestral visando consolidar a ‘Melhor Orquestra do Mundo’ que leva o Humanismo da SGI para o Brasil e para todo o planeta. “O jovem determinado a seguir a profissão de músico precisa compreender que a arte não existe para a satisfação da própria vaidade ou para a obtenção de fama, prestígio ou fortuna”. O músico consciente sabe que optou por uma vida de constante aperfeiçoamento. Para poder tocar profundamente o coração de suas platéias precisa, não somente, dominar perfeitamente a técnica, mas também e principalmente, desenvolver uma visão humanística do mundo”, finaliza Alexandre.
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