Cultura de Paz

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Conscientizando escolas e comunidades

O militar da Marinha aposentado e pedagogo, Renaldo José Pereira de 62 anos, não é apenas um abnegado benfeitor que atua como agente ambiental voluntário pelo Departamento de Cientistas da BSGI. Ele é também um apaixonado pela ideia de conscientização e, para tanto, vem desenvolvendo-se e aprimorando-se como pessoa em prol da saúde planetária.

Ao longo de sua vida, Renaldo sempre preocupou-se com o meio ambiente. Ao engajar-se na Marinha teve a oportunidade de conhecer o norte do país e a imensa biodiversidade da floresta e seus ecossistemas. Ao tomar contato com filosofia humanista da BSGI encantou-se, abraçou a causa ambiental e não parou mais. “Encontrei nesta entidade e no mestre Ikeda, um propósito de vida que abracei e venho disseminando por onde vou”, relata Renaldo.

Sua adesão às ideias revolucionárias de Daisaku Ikeda mudaram sua forma de ver o mundo. “Desde que me tornei associado da BSGI venho buscando aprimorar-me como pessoa. Há mais de seis anos tornei-me agente ambiental da BSGI e, voluntariamente venho desenvolvendo atividades que visam conscientizar escolas, comunidades e grupos para a questão de cuidar do nosso meio”, explica. Foi com o objetivo de aprimorar-se em sua atividade que Renaldo, morador de Rio das Ostras-RJ, foi a São Paulo, na UMAPAZ1, buscar conhecimento no Curso de Formação de Agentes Socioambientais Urbanos. Seu trabalho de conclusão de curso: Horta e Mini Horta em Garrafa Pet: uma Dinâmica que Pode Transformar o Mundo, baseia-se na Carta da Terra e consiste em apresentar atividades que despertem o interesse dos alunos quanto ao cuidado com o ambiente. Além de implantar hábitos alimentares saudáveis.

Ele escreveu em sua monografia de conclusão de curso: “precisamos de uma ‘Pedagogia da Terra’, uma pedagogia apropriada para esse momento de reconstrução paradigmática, apropriada à cultura da sustentabilidade e da paz”. O ambientalista Renaldo enfatiza que tal pedagogia vem se constituindo gradativamente, beneficiando-se de muitas reflexões que ocorreram nas últimas décadas, principalmente no interior do movimento ecológico. Ela se fundamenta num paradigma filosófico emergente na educação que propõe um conjunto de saberes/valores interdependente. Essas atividades são recursos pedagógicos que facilitam o processo ensino-aprendizagem nas diferentes áreas.

Ele destaca em seu texto:
1º. Educar para pensar globalmente. Na era da informação, diante da velocidade com que o conhecimento é produzido e envelhece, não adianta acumular informações. É preciso saber pensar. E pensar a realidade. Não pensar pensamentos já pensados. Daí a necessidade de recolocarmos o tema do conhecimento, do saber aprender, do saber conhecer, das metodologias, da organização do trabalho na escola.

2º. Educar os sentimentos. O ser humano é o único ser vivente que se pergunta sobre o sentido de sua vida. Educar para sentir e ter sentido, para cuidar e cuidar-se, para viver com sentido cada instante da nossa vida. Somos humanos porque sentimos e não apenas porque pensamos. Somos parte de um todo em construção e reconstrução.

3º. Ensinar a identidade terrena como condição humana essencial. Nosso destino comum no planeta, compartilhar com todos, sua vida no planeta. Nossa identidade é ao mesmo tempo individual e cósmica. Educar para conquistar um vínculo amoroso com a Terra, não para explorá-la, mas para amá-la.

4º. Formar para a consciência planetária. Compreender que somos interdependentes. A Terra é uma só nação e nós, os terráqueos, os seus cidadãos. Não precisaríamos de passaportes. Em nenhum lugar na Terra deveríamos nos considerar estrangeiros. Separar primeiro de terceiro mundo significa dividir o mundo para governá-lo a partir dos mais poderosos; essa é a divisão globalista entre globalizadores e globalizados, o contrário do processo de planetarização.

5º. Formar para a compreensão. Formar para a ética do gênero humano, não para a ética instrumental e utilitária do mercado. Educar para comunicar-se. Não comunicar para explorar, para tirar proveito do outro, mas para compreendê-lo melhor. A Pedagogia da Terra que defendemos funda-se nesse novo paradigma ético e numa nova inteligência do mundo. Inteligente não é aquele que sabe resolver problemas (inteligência instrumental), mas aquele que tem um projeto de vida solidário. Por que é bela a diversidade, porque é enriquecedora na possibilidade de criação de novas realidades e mais plenas. A solidariedade, como valor e como necessidade humana, embeleza, humaniza e promove a vida.

6º. Educar para a simplicidade e para a quietude. Nossas vidas precisam ser guiadas por novos valores: simplicidade, austeridade, quietude, paz, saber escutar, saber viver juntos, compartir, descobrir e fazer juntos. Precisamos escolher entre um mundo mais responsável frente à cultura dominante que é uma cultura de guerra, do ruído, de competitividade sem solidariedade, e passar de uma responsabilidade diluída a uma ação concreta, praticando a sustentabilidade na vida diária, na família, no trabalho, na escola, na rua. A simplicidade não se confunde com a simploriedade e a quietude não se confunde com a cultura do silêncio. A simplicidade tem que ser voluntária como à mudança de nossos hábitos de consumo, reduzindo nossas demandas. A quietude é uma virtude, conquistada com a paz interior e não pelo silêncio imposto. (Entre os principais representantes desse paradigma podemos citar: Paulo Freire, Leonardo Boff, Sebastião Salgado, Boaventura de Sousa Santos, Milton Santos, Aziz Ab’Sáber, Thomas Berry, Fritjop Capra, Edgar Morin.).

UMAPAZ, Departamento de Educação Ambiental da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) da Prefeitura do Município de São Paulo, opera por meio de uma rede de parcerias. Foi concebida em 2005 e iniciou suas atividades em janeiro de 2006. Em 2009, como departamento, passou a coordenar também a Escola Municipal de Jardinagem, a Divisão de Astronomia e Astrofísica e o Programa A3P

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