Intersecção entre a arte e o sublime compromisso de contribuir positivamente com a humanidade
Visualmente MARAVILHOSO. Incrivelmente DIVERTIDO. Surpreendentemente SENSÍVEL. O slogan traduz somente parte do que o espectador encontra em Priscilla, a rainha do deserto, espetáculo musical que retrata a trajetória de três drag queens que atravessam o deserto para apresentar um show. Tal enredo acaba se tornando mero fundo de cena para a história de vida de cada uma, estas sim verdadeiros convites à reflexão sobre a essência do ser humano e a sua espantosa capacidade de se reinventar e se recriar. E é o fazer artístico humanista que permeia tal capacidade inventiva, suscitando o deleite de perceber uma história humana sensível, bem estruturada, quase subliminar, que vai além de plumas, purpurina, luzes e perucas gigantes.
“A filosofia humanista do budismo Nitiren permeia minha vida, minha obra, meu fazer artístico”, conta Tânia Nardini, diretora e coreógrafa residente do musical Priscilla, a Rainha do Deserto. Desde 2001 associou-se à SGI em Miami, nos EUA. Junto com a irmã Nadia – também diretora, coreógrafa, atriz e bailarina – iniciaram-se nas atividades e hoje são atuantes e ativistas – Tânia no Brasil e Nádia nos EUA. “Tem ainda meu irmão Toni, no Rio de Janeiro, que também é coreógrafo!”, lembra a diretora.
“O que mais me encantou é a ideia básica que diz que ‘tem de ser feliz nesta existência’. Isso é o máximo!”, exclama Tânia. Desde que encontrou a essência de sua arte percebeu atônita sua carreira catapultar-se. Participou de todas as grandes produções da “era dos musicais” no Brasil: Chicago, O Rei e Eu, A Bela e a Fera, Rent, Fantasma da Ópera, My Fair Lady, Evita e agora Priscilla.
Mas o que mudou da Tânia de uma década atrás para a Tânia atual? A resposta por ela própria: SABEDORIA. “Aliar a capacidade artística à minha missão como ser pensante neste planeta. Ninguém nasce em vão, todos têm um propósito”, explica.
Procura ensinar esta verdade a todos os seus dirigidos. Se a arte não faz pensar, não toca, não reflete na pessoa, torna-se mero exercício de ego. O artista tem passar algo ao seu público, não pode se restringir ao mero entretenimento. A filosofia humanista lhe confere o conhecimento e a sensibilidade para passar estes ingredientes ao elenco de forma sutil. O resultado é um espectador MARAVILHADO, que se DIVERTE e sai SENSIBILIZADO. Como no slogan. E, no caso de Priscilla, ele sai também TRANSFORMADO. Daí o grande sucesso das produções em que atua. Algo dentro de cada pessoa muda. E muda para melhor.
A diretora conta que a produção americana de Priscilla surpreendeu-se com o grau de empatia que o elenco brasileiro estabelece com seu público. “Na Broadway os espetáculos são lindos, visualmente deslumbrantes, e ninguém tem compromisso com nada mais além disso. Aqui os nossos atores querem mais, têm um ideal e um compromisso e por isso conseguem emocionar além dos meros sentidos”, ressalta.
As lições de Tânia têm calado fundo em boa parte do elenco – incluindo-se nesse rol os três protagonistas, Luciano Andrey (Mizti), André Torquato (Felicia) e Ruben Gabira (Bernadete) – são nove ao todo. Este seleto grupo já participa de encontros da BSGI e veem com simpatia a possibilidade de se tornarem associados em um futuro próximo. “Além de mim, tem a produtora Mariana [Monticelli] e o ator Guilherme Logulo, que são associados já alguns anos. Os demais estão descobrindo encantados o quanto a filosofia humanista é incrível para as suas vidas e sua arte”, explica Tânia.
Expandindo as fronteiras
Desde que atuou como atriz e diretora do musical Chicago, Tânia tem sido requisitada para produzir, dirigir e coreografar este espetáculo em todo o mundo. Já montou Chicago na Coréia, no Japão, na Inglaterra e deve ir a outros países nos próximos anos. “Foi uma sincronicidade incrível!”, exclama. Tânia conta que ela já estava a todo o vapor na produção de O Rei e Eu, quando foi chamada para produzir Chicago na Coréia. Muito ética, recusou. “Não podia ir, já tinha até ido à Tailândia pesquisar o gestual para coreografar o espetáculo. Não tinha como deixar o pessoal na mão”, decidiu.
Algo aconteceu na produção da Coréia e o musical não foi montado naquela oportunidade. O Rei e Eu foi produzido, estreou e ficou ano e meio em cartaz. “Aí a produção do Chicago solucionou o problema que havia impedido a montagem daquela vez e me chamaram de novo. Aí eu fui!”, exulta.
E entendeu porque não tinha dado certo antes. Precisava aprimorar-se na prática da filosofia, apropriar-se da sua essência artística, perceber-se una com a sua missão e sua arte. E isso se deu durante a montagem de O Rei e Eu. Precisava fazer a sua revolução humana. Ou, em termos acadêmicos, ela tinha que realizar o seu “salto quântico”.
“Foram muitos os contratempos enfrentados, tanto na área profissional como na vida pessoal”, esclarece. Aprendeu a duras penas como reverter a vaidade egoísta – tanto dela como dos seus dirigidos – em senso de missão. Seus artistas não são meros personagens, são disseminadores de uma cultura de superação, que visam a transformação. Esse é o grande diferencial de seu fazer artístico.
A partir daí não parou mais, sua excelência como diretora e coreógrafa tornaram-se imprescindíveis para as produções em que atua. Todos querem colher os resultados exitosos dos espetáculos dirigidos por Tânia Nardini. “Quando estreei na Coréia recebi o maior dos elogios e que define bem o meu fazer artístico com base no humanismo Soka, ‘a maneira como você dirige: com o pulso firme e o coração aberto’. É isso!”, finaliza exultante a artista humanista.
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