Filhas ignotas da família do homem,
O sorriso marcante é a sua principal característica. E a sinceridade da fala rápida e loquaz cativa o interlocutor nos primeiro minutos de prosa. Qualquer desavisado percebe que se trata de uma jovem determinada, confiante de sua capacidade e força. Andréia Oliveira é assim. Desde os 5 anos, sua existência confunde-se com as ações e projetos da BSGI. “Eu era rebelde, mas sabia discernir o que era bom pra mim e o que não era”, inicia. Foi a partir dessa percepção que ela ingressou no “corpo de pífanos e tambores”, o grupo musical Nova Era, um dos muitos grupos artísticos da BSGI. “Foi na banda que eu aprendi a ser gente!”, exclama. Andréia integrou a banda por 16 anos, e hoje ela atua como vice-coordenadora do Núcleo de Jovens da BSGI.
“Tudo o que eu sou, devo à minha atuação na BSGI”, explica. Ela e as irmãs – Adriana e Ana Paula – pertencem à terceira geração de associados. Todas as três participaram da banda e hoje são membros de grupos da organização. Andréia, desde muito cedo, destacou-se pelo talento na lida com cabelos. Principalmente as madeixas afro. “Eu comecei cedo a trabalhar em salão”, conta. O dom incomum, mais a decisão de atuar em prol de seu ideal de paz, logo lhe permitiu driblar a ditadura dos horários nos diversos locais em que trabalhou.
Mesmo suplantando dificuldades que iam da doença de sua mãe à total escassez de recursos financeiros, Andréia nunca perdeu o bom humor e o sorriso marcante que a caracteriza. “Aprendi na Nova Era o verdadeiro sentido da vida. O companheirismo eterno. A coragem para suplantar quaisquer dificuldades”, ressalta. Em 1993, quando do falecimento de sua mãe, foi nos braços das companheiras da banda que encontrou o apoio e a força para suportar a dor: “Jamais esquecerei o carinho e o amor que as minhas companheiras me dedicaram”.
Em 1999, foi com a Nova Era que participou da grande Convenção Cultural dos Jovens – célebre pela chuva torrencial que caiu quase que ininterruptamente durante todo o evento –, que passou para a história como a “Convenção da Chuva”. Naquela oportunidade, ensopada pela água que caia sem trégua, mas aquecida pelas inebriantes experiências e calor humano emanado pelos companheiros de todo o Brasil, Andréia decidiu e jurou para si mesma que em no máximo 10 anos ela mudaria completamente sua condição financeira.
Os anos se passaram e o ano de 2009 chegou. Foi um ano de muito desafio que começou com a decisão de participar do intercâmbio da SGI no Japão em outubro. Antes disso, a cabelereira e eterna anjo da paz buscou ousar e realizar seu grande salto quântico: abrir sua empresa e ter seu próprio salão. “Essa coisa de decisão é forte! A gente tem que tomar muito cuidado com o que decide”, explica. Embora ela não se sentisse tão determinada – na hora H, o medo é algo que paralisa o ser – ela sentiu que havia algo que a perseguia e fazia com que ela se movesse em direção ao objetivo. “Eu nem estava procurando, um amigo me ligou ‘olha! Tem um ponto super legal assim e assado! Vai lá’. E eu, sem muita convicção fui”, conta. Chegando lá, tudo o que para outras pessoas poderia ser empecilho, acabou resultando em meras etapas. “Tudo foi dando tão certo que nem eu acreditava!”, exulta.
Foi ela mesma quem pintou, reformou, adequou as instalações elétricas. Com a clientela que já a conhecia, seu salão encheu-se. “Foi impressionante!”, disse uma emocionada Andréia. Em apenas uma década – de 1999 a 2009 – a moça pobre da Zona Leste da capital paulista, que mal tinha dinheiro para a condução tornou-se uma empresária de sucesso.
O presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda explica este fenômeno:
A partir do momento em que mudamos a nossa maneira de visualizar a realidade, os obstáculos e os sofrimentos da nossa vida deixam de ser empecilhos e passam a ser oportunidades para o nosso desenvolvimento. Quando nos conscientizamos verdadeiramente disso, administramos nossa vida de forma diferente e o passado deixa de ser o foco de nossas atenções, pois não temos como apagar as causas realizadas, e passamos a fazer causas positivas para superar as negativas. O presente torna-se nosso palco principal, pois, (..), o que realizamos agora, neste exato momento, definirá todo nosso futuro. (..). Conseqüentemente, nossas ações criarão causas para um futuro glorioso, livre do medo e da insegurança e poderemos desfrutar uma felicidade indestrutível.Durante a estada no Japão, no intercâmbio da SGI, Andreia só fez agradecer. Mudara sua vida totalmente graças à atuação na BSGI, em prol da paz, cultura e educação, princípios preconizados pela filosofia humanística do budismo Nitiren, base de todas as ações da organização.
Graças a essa base filosófica, o preconceito embora exista, nunca foi alvo de suas preocupações. “Na BSGI aprendi que todos são únicos, indivíduos que têm virtudes e defeitos e que o que nos faz humanos é exatamente essas diferenças. Humanismo é conviver em harmonia com a diversidade, buscando aprender e se aperfeiçoar todos os dias”, enfatiza.
Em sua empresa, não perde nenhuma oportunidade de ensinar o que aprendeu. Seu êxito foi notado pela empresa multinacional de cosméticos especializada em cabelos afro que lhe concedeu bolsa para um curso cujo valor era de R$4 mil. “Consegui fazer o curso grátis, e ano que vem devo ir à sede em Chicago, nos EUA, fazer outro mais extenso”, conta. “Sou uma humanista da BSGI. Eterno Anjo da Paz!”, finaliza.
Luzes justapõem-se.
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