As sombras projetam-se nas telas a partir de uma fonte luminosa por trás que podem vir de luminárias, velas, lanternas grandes e pequenas. De uma sutileza quase poética, o jogo de luzes e sombras interage formando imagens curiosas, assombrosas, mágicas! As crianças aplaudem e os jovens e adultos são pegos de surpresa. Cada qual mais maravilhado e encantado. “Vamos começar por um pequeno ritual”, explica o ator e diretor de teatro Ronaldo Robles. Antes de iniciar cada oficina, convicto do poder e da importância do ritual para a energização e plena potencialização da atividade, ele pede que todos se integrem em um círculo e comanda a meditação rápida a partir do mantra budista Nam-Myoho-Rengue-Kyo.
“O mantra ajuda a canalizar as energias criativas existentes em todos nós, ao mesmo tempo que nos traz para o aqui-agora, focados em realizar um trabalho harmônico e criativo”, volta a explanar Robles.
Findo o ritual de início, sentindo-se unos e partícipes daquele momento ímpar que ora se inicia, cada participante põe-se a ouvir com atenção as explicações preliminares do oficineiro Robles. A seguir, são convidados a invadir e partilhar as sombras e, munidos de objetos diversos, criam suas histórias e cenas. Ávidos por desvendar as sutilezas das sombras em meio ao assombreado provocado pelas diversas fontes luminosas posicionadas estrategicamente, os participantes maravilham-se. Alçados de volta à infância, as histórias intercalam-se e os presentes são arrebatados pelas memórias dos anos lúdicos e criativos, onde meninos e meninas entregavam-se a devaneios múltiplos com visível prazer ante as acolhedoras e confortadores sensações.
A cena descrita é protagonizada pelo ator, diretor e autor Ronaldo Robles. Sua Cia Quase Cinema existe desde 2004 e já recebeu diversos prêmios e reconhecimentos públicos, tanto pela qualidade quanto pelo valor das propostas socioeducativas que sempre permeiam suas produções. Os mais recentes e significativos: foi laureado nas três edições do Prêmio Interações Estéticas – residências artísticas em Pontos de Cultura, promovido pela Fundação Nacional das Artes – Funarte e a Secretaria de Cidadania Cultural, ambos os órgãos fazem parte do Ministério da Cultura do Brasil. O Prêmio aconteceu em 2008, 2009 e 2010 e teve como proposta: a partir de residências artísticas, aproximar artistas das chamadas “belas artes” e os artistas ditos “populares” dos Pontos de Cultura, com a finalidade de, por meio da interação, obter novas propostas estéticas que potencializem e enriqueçam a já multidiversificada cultura brasileira.
Em 2008 venceu o Prêmio com o projeto “Sombras na Cultura Caiçara”, residência artística realizada no Ponto de Cultura São Sebastião Tem Alma, de São Sebastião, litoral norte de SP; em 2009 foi a vez do projeto “Sombras da Tradição Oral”, que aconteceu no Ponto de Cultura Bola de Meia de São José dos Campos-SP; e em 2010 sua residência artística se deu no Pontão de Cultura Circuito Caipira, de São Luis do Paraitinga-SP, com o projeto “Teatro na Comunidade da Roça – um meio de valorizar a vida no campo”, sempre com sua Cia Quase Cinema de Teatro de Sombras (http://www.ciaquasecinema.com/).
“O movimento da SGI tem como objetivo o próprio ser humano. Tudo parte do ser humano e retorna para o ser humano. Por isso, por favor, focalizem a luz em cada pessoa, encorajem cada pessoa e acreditem em cada pessoa. Uma nova pessoa possui uma nova força e uma nova potencialidade”, esta é a frase que motiva e impulsiona Robles. A autoria é de Daisaku Ikeda, um filósofo e ativista pragmático pela paz cujos ideais e ações são partilhados pelo artista em todos os seus projetos.
Ronaldo é associado da BSGI desde muito jovem. Seus pais já faziam parte da entidade e observando o exemplo destes, identificou-se com os ideais humanistas e decidiu dedicar sua vida e sua arte à sublime obra de expandi-los. O mantra com que inicia suas oficinas é parte desse processo. “Partilhar algo tão sublime faz parte de minha escolha de vida”, explica.
O humanismo preconizado pela BSGI permeia toda a sua obra. “Eu procuro, em todas as minhas atividades artísticas, tocar o coração de cada pessoa visando fazer com que cada um percebe o quanto é importante e necessário. Valorizar e respeitar cada ser humano, este é o princípio básico da filosofia humanista que aprendi com o filósofo e pacifista Daisaku Ikeda”, explica Robles.
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