Cultura de Paz

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Pela preservação da biodiversidade amazônica

Caminhar pela floresta amazônica é algo para iniciados. Só tem tal desenvoltura, quem realmente mimetiza-se com aquele verdejante mundo selvagem. O engenheiro florestal, mestre em Ciências da Floresta, doutor em Ciências Biológicas – Botânica, Jomber Chota nasceu no coração da Amazônia peruana, uma das áreas com maior diversidade e endemismos do planeta, e que tem uma das mais baixas densidades demográficas. O mundo todo olha para o Brasil quando se fala em Amazônia, mas o que pouca gente sabe é que o Peru tem a maior parte de seu território recoberto por densa floresta amazônica, mais do que o andino. Descendente de índios peruanos, Jomber cresceu junto à floresta e herdou de seus antepassados, não somente as características físicas, mas também o conhecimento milenar de quem nasceu, viveu e sobreviveu sempre em harmonia e simbiose com a mata. Caçula de uma prole de sete filhos, o garoto demonstrou cedo que possuía talento para ser mais que um agricultor. Sua mãe percebeu o dom e fez de tudo para que o garoto pudesse seguir estudando.

O esforço deu resultado e Jomber seguiu até a faculdade. Embora estudasse em uma universidade pública, para custear sua estadia, fazia todo tipo de serviço em seus horários livres até que um de seus professores percebeu que o jovem possuía, além da curiosidade natural, um conhecimento ancestral de quem sempre viveu junto à floresta. “Passei a assistente dele, recebendo um salário, o que possibilitou minha estadia e livros”, explicou Jomber. Daí para frente sua carreira deslanchou, já que saíra na frente de todos, pois o conhecimento que seus ancestrais lhe legaram, não se aprende em livros. Dos 70 que iniciaram o curso, somente 10 se formaram. E somente Jomber permaneceu como docente. Nada mal para um garoto que saíra da mata. Mas Jomber tinha sede de conhecimento e queria buscar modos de preservar a mata que o viu nascer. “Eu sabia, já naquela época, que a sobrevivência do planeta dependia da sobrevivência da floresta e das florestas”, conta. Sua busca por maneiras efetivas de integrar terra-homem foi uma constante em sua vida. Jomber é e sempre foi um árduo defensor do Humanismo, em toda a sua plenitude. Seguiu para o mestrado e, posteriormente para o doutorado. Perguntado sobre o budismo ele simplesmente respondeu: “Eu sempre fui budista, só não sabia que esse era o nome de minha crença!”. Foi no doutorado no Instituto Nacional de Pesquisas Ambientais – INPA – que aconteceu o encontro com a filosofia humanista do budismo Nitiren. “O Humanismo é um conceito que sempre pratiquei e venho exercendo em todos os lugares onde trabalhei”, enfatiza. Jomber hoje é o responsável pelo manejo de todos os projetos ambientais do CEPEAM – Centro de Estudos e Projetos Ambientais da Amazônia – mantido pela BSGI em uma área preservada, em frente ao Encontro das Águas, no subúrbio da capital amazonense. Ciente da importância de seu trabalho ali, antes de decidir pelo trabalho no CEPEAM, recusou propostas bastante interessantes, e monetariamente mais promissoras. Perguntado do motivo, Jomber exclamou: “A possibilidade de criar um modelo de um instituto de preservação com base na produção científica, com práticas realmente efetivas de desenvolvimento sustentável foi o que me motivou a vir”. Enfim, promover a paz de uma forma realmente pragmática, beneficiando o planeta de modo geral. Ele enfatiza ainda que o CEPEAM é “uma oportunidade de seguir o caminho de mestre e discípulo e ajudar a sociedade a prosperar sem destruir”.

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